Convidado

Fábio Cury

Professor Livre-Docente ECA/USP
Perfil no website do Lattes

Minibio

Fábio Cury iniciou seus estudos de fagote aos 11 anos. Em 1993, venceu o Concurso para Fagotistas da Escola Superior de Teatro e Música de Hannover. Atuou como solista da OSESP, da Orquestra Experimental de Repertório, da Orquestra Sinfônica de Campinas e da Orquestra Sinfônica da Unicamp, entre outras. Colaborou, na condição de convidado ou de integrante regular, como fagotista solista das principais orquestras brasileiras, tais como a OSESP, a OSB, a Filarmônica de Minas Gerais e a Orquestra Municipal de São Paulo, entre outras. É mestre em Artes pela Unicamp, Doutor em Música pela USP e Livre-Docente pela USP, onde atua na Escola de Comunicação e Artes, como professor de fagote, desde 2002. Foi membro fundador do Camerata Aberta, grupo dedicado ao repertório de nossos dias, com o qual recebeu o Prêmio APCA de melhor ensemble de música contemporânea em 2010 e o Prêmio Bravo de melhor DC de música erudita em 2011. Sua produção fonográfica inclui registros de música de câmara para os selos Paulus, Brasil Meta Cultura, Lindoro (Espanha) e Meridian (Inglaterra).

Masterclass

A Performance Musical como Objeto e Resultado da Pesquisa Artística

O surgimento do conceito de pesquisa artística é recente, data de algumas poucas décadas. No meio acadêmico, muito lentamente e a duras penas, artistas tentam vencer preconceitos e ver sua produção reconhecida também enquanto pesquisa. Ainda que a expressão pesquisa artística e sua definição sejam de recente safra, seria concebível pensar que uma performance musical tenha em algum momento podido mesmo prescindir de pesquisa? É a partir desta questão que se inicia esta discussão. Afinal, evocando a analogia apresentada por Bruce Haynes em The End of Early Music, partitura não é música, assim como um mapa de DNA não é uma pessoa. Para que as indicações forçosamente incompletas da partitura possam ser realmente música, o intérprete deverá reunir uma série de saberes e de informações que estão além do texto musical e que são mediados pela prática musical. Barthold Kuijken, flautista, professor do Conservatório Real de Bruxelas e do Conservatório Real de Haia, resume muito propriamente a concepção de pesquisa artística em Notation is not Music:

“…o artista como pesquisador não se posiciona ao lado ou fora de seu tópico, mas é ele próprio parte do tópico pesquisado – é pesquisa em, não sobre, arte. Os resultados desta pesquisa não visam ser científicos; eles também podem ser arte simplesmente. Por definição, a pesquisa artística nunca é definitiva nem completa. Não pode ser exatamente repetida e não se esforça para provar algo. Nunca é um objetivo em si, mas leva a um entendimento mais profundo e, assim, esperançosamente, a uma melhor performance ou criação. Os resultados precisaram ser praticados, técnica e artisticamente dominados, aplicados e integrados em meu próprio pensamento, sentimento, no tocar, na regência e no ensino, até que se tornassem parte da minha “língua materna”.

Neste recital e master class serão, pois, apresentadas as razões históricas que resultaram no paradoxo de a pesquisa sobre música ser muito mais numerosa e reconhecida do que a pesquisa em música no meio acadêmico. Considerando-se que a performance é a interface mais poderosa de comunicação entre a produção universitária, o meio profissional e a sociedade, esta discussão se torna atual e urgente.